sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Vamos Legalizar o Racismo!

Quando tomei conhecimento do caso do menor infrator que foi linchado, em seguida foi desnudado e depois amarrado em um poste eu senti um soco no estômago, confesso que me senti exposta por aquele menino.  Não defendo o crime que ele cometeu e acho que ele deve repreendido, ou sofrer qualquer ação corretora  de acordo com o que diz a lei, mas que no fim a tão almejada justiça dos linchadores seja feita, DE FATO!

Estou horrorizada ao ver pessoas se manifestarem em redes sociais e em rodas de amigos dizendo que neste caso a "justiça foi feita" e que "vagabundo tem que se foder mesmo e levar porrada", tá, cada um com sua opinião, mas a consumação disso me faz voltar no tempo, mais precisamente a 1780 a.C. na Babilônia, onde a Lei de Talião, também conhecida como "olho por olho", tem os primeiros indícios do seu uso, registradas no Código de Hamurabi, de acordo com o Wikipedia. Ou seja, estamos no século XXI e as pessoas ao invés de evoluírem estão recorrendo a leis  primitivas, enquanto deveria haver um movimento pelo aprimoramento do que está sendo executado de forma errada.
Eu sei que é utópico achar que as leis vão ser corrigidas e acertadas da noite para o dia, mas que se inicie um movimento em direção ao futuro e não voltar ao passado para teorias que já caíram por terra e não têm efeito mais.

O que se passa na cabeça dessas pessoas? Alguns alegam que os crimes acontecem por falta do acesso à educação, e linchar é a presença dela?

Você que defendeu o linchamento desse menino:

Além de RACISTA você é IDIOTA! Se você acha que ele merecia punição, concorde com que ele fosse entregue para a polícia, mas não concorde com "justiceiros" que saem agredindo pessoas em nome da "justiça" POIS VOCÊ ESTÁ SENDO TÃO CRIMINOSO QUANTO QUEM CONDENA!

Acha que estou dando um chilique? Achei no blog US Slave uma foto que acredito que possa ser do século XIX:

Naquela época esse ato cometido em praça pública com todos ao redor de acordo era considerado "justiça", isso há mais de um século. Te lembra alguma coisa?



Ainda não?


Essas fotos falam por si.

A esses "cultos" super informados e "defensores da justiça" eu sugiro que assistam dois filmes e reflitam bastante sobre os seus conceitos de justiça. O primeiro é 12 Anos de Escravidão e o outro é Tempo de Matar. Ambos mostram como a justiça age diferentemente quando o criminoso é negro e quando é branco, e como a tolerância e opinião social muda muito dependendo da cor da vítima. E depois que assistirem lembre da cor da pele de quem tem acesso à educação e ao poder, e quem está fora das escolas e dentro das cadeias no Brasil, "um país de todos"...

Sendo eu mesma afro-descendente, jamais poderia me calar mediante essa estupidez coletiva.

FLÁVIA CRIOLA.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O cara do dia!

Pois é, né, gente, hoje em dia todo mundo celebra o dia de São Valentim, ou Valentine's Day. Calmaê, calmaê, eu não sou contra não, acho o maior barato essa integração de culturas, sempre aproveito a data para ensinar a história e os costumes para meus alunos! Mas quem foi esse cara? Fiz um pequeno apanhado de dados e juntei aqui para nós!

Este é o meu santinho de São Valentim que trouxe da Irlanda. Para maltratá-lo,
como se faz com St. Antônio, eu o deixo grudado na porta do meu frigobar,
e o imã diz "tolo astucioso"! (não está funcionando) 
 Ele foi um padre romano no tempo do Imperador Claudius, O Godo, que perseguia a igreja e proibia o casamento de pessoas jovens baseado na hipótese que soldados solteiros lutavam melhor que os casados porque estes poderiam temer pelas suas esposas caso eles viessem a morrer. Aí que entra o Vavá, ele casava os apaixonados em segredo!!! OOOOOUUUNNNN!!! Eventualmente ele foi capturado, torturado e condenado à morte. Esta é uma das histórias que são contadas sobre o santo e também é a mais facilmente encontrada quando se faz uma pesquisa aqui pela internet (*).

Uma outra lenda muito contada também é que durante suas últimas semanas de vida um carcereiro do imperador, sabendo das habilidades curativas de Valentim, levou sua filha cega, Júlia, até sua casa e pediu sua intervenção, e ele a examinou e tratou seus olhos com unguento e remarcou visitas. Com o tempo ele começou a lhe lecionar história, aritmética, falava sobre Deus, de modo que ela pudesse ver o mundo através de suas palavras. Ela acreditava que se livraria da cegueira e eles oravam juntos para que isso acontecesse, embora não tenha ocorrido, mas a menina e seu pai nunca perderam sua fé. Até que um dia os soldados romanos prenderam Valentim devido suas práticas secretas e os tratamentos que oferecia. O pai da menina quis intervir em seu favor, mas não havia nada que pudesse fazer. Sabendo que sua execução era eminente Valentim pediu ao carcereiro por papel, pena e caneta para escrever uma carta de despedida para Julia na qual ele pedia que ela não se afastasse de Deus e assinou "do seu Valentim" (em inglês, from your Valentine). No dia seguinte, 14 de fevereiro do ano 269 d.C., ele foi executado. Suspiro... Esta é a minha lenda favorita! (**)

Há quem diga que ele se apaixonou por ela e por isso o desespero ao escrever a carta.

Na Europa e nos EUA os enamorados trocam presentes, flores e chocolates, mas a tradição não se restringe apenas a eles. É muito comum enviar cartões para amigos com mensagens queridas e algumas vezes pode-se assinar apenas "do seu Valentim", para brincar com a pessoa e ela ter que descobrir.

Church of Our Lady of Mount Carmel,
Whitefriar Street, Dublin, Ireland.
Em Dublim, capital da Irlanda, existe a Igreja de Nossa Senhora do Carmo na Whitefriar Street, na qual há um pequeno santuário para São Valentim e onde se encontra um relicário com parte dos restos mortais do santo levado para Dublim em 1835 pelo frade carmelita irlandês John Platt (**) em uma visita sua a Roma, mas o atual santuário foi construído na reforma que a igreja sofreu na década de 1950. Uma curiosidade: nesta mesma igreja há uma imagem de Nossa Senhora de Dublim, e é uma imagem negra, tal qual Nossa Senhora Aparecida.



O santuário
Eu tive um encontro particular com Vavá! Em janeiro de 2012 eu fui a Dublim e ao saber do santuário É CLARO que fui lá! Abaixo da imagem do santo fica um balcão que guarda o relicário e sobre esse balcão fica um caderno onde podemos, ham-ham, escrever seus pedidos. Apesar de isso parecer  apelativo tive uma surpresa muito agradável ao folhear o tal caderno: não há apenas pedidos, muitos retornam e agradecem por seus casamentos e até por conceberem seus filhos. Fiz meu pedido também, É LÓGICO, e não pedi só por mim, incluí amigas e amigos - 4 já se deram bem! menos eu... MAS, na mesma viagem eu tive uma surpresa muito agradável durante a mesma viagem, mas isso é babado para ooooutro post! Não me restringi apenas a escrever o pedido: acendi uma vela, a prova está abaixo, doei um euro para a igreja, coloquei a mão no vidro do balcão com o relicário e na hora que saí da igreja tinha um tonel de água benta gigante, enchi uma garrafa e bebi tudo num gargalo só!!! Depois eu fui à lojinha da igreja comprar lembrancinhas e um senhor me doou vários santinhos de São Valentim, e vou fazer um joguinho com vocês:

Me envie sua história de amor e as 5 mais bonitinhas eu não só vou publicar aqui no blog como também vou enviar um santinho desses que trouxe da Irlanda com um presentinho via correio. O e-mail do blog é flaviawk@gmail.com, apenas deixe um recado nos comentários quando de enviar, ok?! Anonimidade garantida caso seja essa a sua vontade.

Desejo muito amor aos apaixonados e nós que ainda não encontramos não percamos a esperança de encontrar o amor de verdade nessa vida!!!

Muitos beijos, flores e chocolates para todos vocês!!!

Flávia Criola

Eu no Santuário de S. Valentim na Igreja do Carmo, Janeiro 2012

O verso do santinho que ganhei na igreja, a oração diz:
"S. Valentim, toque o coração de nossos jovens;
interceda por nossas necessidades;
ouça a minha prece."


Referências

(*) http://www.cbn.com/spirituallife/ChurchandMinistry/churchhistory/st_valentine_the_real_story.aspx
(**) http://www.carmelites.ie/stvalentine.html


sábado, 8 de fevereiro de 2014

Dez Maneiras de amar a nós mesmos!

Muitas vezes este tipo de post fica batido e até meio cliché, mas eles fazem sentido. Nessa semana estive em um lugar muito especial e fui presenteada com esta mensagem, pode parecer fácil, mas não é... Para podermos alcançar maior intimidade com nós mesmos precisamos de muita introspecção e determinação, sem contar o desprendimento necessário daquilo que nos rodeia. Mas temos que ser fortes no aprimoramento de nós mesmos.

Sugiro que faça como eu: coloque uma música relaxante de sua preferência, leia esta mensagem e reflita por onde começar para mudar o que tem de bom para ser melhor e assim, pouco a pouco, fazer as pazes com a pessoa do outro lado do espelho. Se gostar, acenda um incenso de fragrância suave.

Vamos praticar juntos?!

1. Disciplinar os próprios impulsos.
2. Trabalhar, cada dia, produzindo o melhor que pudermos.
3. Atender aos bons conselhos que traçamos para os outros.
4. Aceitar sem revolta a crítica e a reprovação.
5. Esquecer as práticas alheias sem desculpar as nossas.
6. Evitar as conversações inúteis.
7. Receber no sofrimento o processo de nossa educação.
8. Calar diante da ofensa, retribuindo o mal com o bem.
9. Ajudar a todos, sem exigir qualquer pagamento de gratidão.
10. Repetir as lições edificantes, tantas vezes quantas se fizerem necessárias, preservando no aperfeiçoamento de nós mesmos sem desanimar e colocando-nos a serviço do divino mestre, hoje e sempre. (Do livro Paz e Renovação psicografado por Chico Xavier de vários espíritos, capítulo 33)

Ainda vou sugerir uma décima primeira de minha autoria:

11. Não se prive de estar só consigo mesmo, é no silêncio e na solidão que ouvimos melhor o que há dentro de nós, e na maioria das vezes temos mais coisas boas do que sabemos e não fazemos uso delas nem em nosso próprio benefício. Estar só é um encontro com a sua própria essência, conheça-a!

Paraty, RJ - 2000.


Boas energias para nós!

Flávia Criola

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Meu encontro com Iemanjá

Depois de muito tempo sem publicar eu finalmente o fiz, e o melhor, desta vez trago uma narrativa em tom muito pessoal, compartilhando um encontro mais que especial!






Eu sou muito ligada à minha herança africana, eu sinto isso muito pungentemente em minha alma, não foi a toa que abracei o apelido de "Criola" tão facilmente. Sendo assim, ir de encontro aos cultos afro foi natural, a mitologia africana, por assim dizer, me fascina de uma forma inexplicável e ouvir os tambores e pontos fazem meu coração acelerar.

Todos os anos eu tenho a necessidade de ir ao mar no dia de Iemanjá, seja para um banho, para uma oração, ou jogar suas flores e meus pedidos. Este ano, já tinha certeza que minha preguiça não me deixaria sair de casa, até que uns amigos me convidaram para visitar outros amigos, a Fabi e o Rodrigo, pais da fofa da Monique, no sul da ilha aqui em Florianópolis na Costa de Dentro, próxima da Praia da Solidão. Esse nome ainda vai ter graça no final dessa história.

Praça de Santo Antônio de Lisboa, SC, e ao fundo,
Arnaldo Antunes durante seu show!

Na verdade, toda essa vibe positiva que sinto com a data de hoje começou ontem, fui com os mesmos amigos que me tiraram de casa hoje, Fabrício e Peter, ao show do Arnaldo Antunes em Santo Antônio de Lisboa, meu lugar preferido aqui na ilha. O show foi em uma praça dentre copas de árvores, num fim de tarde lindo. Quando cheguei em casa eu sentia sono cedo, coisa que raramente me acontece.

Chegamos aqui na hora do almoço e com o calor absurdo que faz aqui em Floripa é claro que tínhamos que tomar uma cerveja antes de almoçar. E foi aí que tudo começou. Como eu estava de barriga vazia a cerveja somada à leseira que este calor trás eu facilmente fui sentindo aquela lombeira que dá depois do almoço, só que eu ainda estava durante o almoço. Estava tão sonolenta que pedi licença da mesa e sequer tirei meu prato. A Fabi me encaminhou para o quarto da Monique e eu desmontei, dormi O sono da tarde. Não me lembro a hora que dormi, devia ser por volta das 15:30, só sei que acordei, com muito custo, às 19:45.

Nesse sono, eu tive um sonho muito intenso, daqueles que você acorda confusa porque o sonho parece realidade. E eu sinto tato, olfato e paladar durante o sonho, e hoje foi mais intenso porque sonhei com meu pai, falecido há quinze anos, minha avó e tios que também já faleceram estavam no sonho, junto com o restante da minha família. Estávamos todos em clima de festa e harmonia, estávamos todos aqui na casa da Fabi, e celebrávamos, só não me lembro o quê... Só sei que quando acordei o Fabs e o Pete tinham saído para fazer uma trilha aqui perto, e embora fossem quase oito horas da noite, o céu ainda estava muito claro, não só pelo horário de verão mas porque aqui anoitece mais tarde mesmo, se comparando com Vitória, minha cidade natal. Eu sentei para bater papo com a Fabi, mas eu estava ainda confusa com a minha sesta, e decidi que iria à praia dar um mergulho.

Só disse à Fabi que estava indo e saí daqui como uma autômata. Peguei a pequena rua que leva à praia com uma caminhada rápida e ao mesmo tempo que admirava a mata ao longo do caminho, as casas rústicas, eu sentia como se um imã gigante me puxasse para a praia, e eu não parava de andar, parecia que alguém de fato me esperava na praia. 

Quando cheguei fui direto para a água. Estava gelada, mas a energia do momento era maior do que qualquer desconforto que isso pudesse trazer. Fui com a água até os joelhos e comecei a entregar tudo que sentia no meu coração, pedi à Iemanjá que levasse qualquer medo, dor, preguiça e maldade de dentro de mim, que aquele banho me fortalecesse e que eu fosse inundada de paz. Mergulhei e o choque da água fria foi revigorante e quando me levantei novamente olhei ao redor e aquela imagem jamais sairá de mim: à minha direita duas montanhas à beira-mar lindíssimas com o céu rosado do pôr do sol ao seu lado e a água do mar estava bem calma e prateada. Dei uma volta de 360° e quando olhei para a terra o céu ainda tinha tons de azul quase claro e a lua crescente já brilhava, bem fina, a minha lua favorita! Ainda dei muitos mergulhos e agradeci a Deus por aquele momento mágico, e por tudo que tenho na minha vida, tudo! E fiz o pedido que estava mais forte no meu coração: pedi que neste ano eu encontre o amor, mas não qualquer amor, aquele amor que todos me dizem que está guardado em algum lugar.

Quando saí da água já estava quase escuro e tive vontade de ficar mais ali, na Praia da Solidão, e me sentei. Havia outras pessoas, mas fechei meus olhos e pela primeira vez na vida eu tive a sensação de realmente meditar. Fui perdendo meus sentidos e meu corpo não era mais meu. Tive a impressão de ir a algum lugar mas eu não saberia descrevê-lo agora. Quando percebi que estava nesse estado de transe levei  minha mão esquerda à fronte, no terceiro olho, e me concentrei, e novamente não sei dizer o que pensei, só sei que quando abri os olhos eu me dei conta que estivera ausente, e me assustei por me ver na praia novamente. Agora entendo quando dizem que quando meditamos não podemos pensar em nada e fico feliz que isso tenha acontecido tão espontaneamente. Quando me levantei para vir embora ouvi bem de longe batuques de tambores bem de longe. Se esse som estivesse mais próximo eu teria ido ao seu encontro.

Quando eu voltava para a casa da Fabi eu novamente contemplei a vizinhança, e pela primeira vez na vida tive vontade de morar em um lugar ermo como é a Costa de Dentro, e pela primeira vez eu me senti como parte daqui de Florianópolis, apesar de sempre ter me sentido em casa nesses um ano e meio que estou aqui, mas hoje eu me senti um pedaço da ilha, isso me trouxe um estado de plenitude indescritível. O que achei mais graça nisso tudo, como anunciei no início deste post, foi que eu tive que sentir este sentimento de pluralidade, se é que foi isso que senti, em um lugar chamado Praia da Solidão, pois em momento algum eu estava só ali, eu estava comigo mesma! Tomei um banho de ducha ao ar livre na frente da casa e logo pensei que tinha que escrever isso, compartilhar esse sentimento mágico que tomou conta de mim!

Se eu estivesse em Vitória hoje teria ido ao pier da Iemanjá em Camburi jogar meus pedidos e flores brancas, comer comida de santo e depois tomar um passe na areia da praia, mas sei que captei toda a energia positiva que teria recebido se tivesse estado lá, e sei que ao me deitar agora vou dormir um sono tranquilo e iniciar esta semana de retorno ao trabalho depois das férias me sentindo muito melhor!

Odoyá, Mãe Iemanjá! E muito Axé para todos nós!!!

Um beijo e um abraço, 

Flávia Criola


Imagem de Iemanjá na Praia de Camburi, ES.
Foto cedida pelo lindo do Bruno Guerra Menahem.

Pequenos passos

 Como tem sido nos últimos meses, mais uma vez eu já acordei cansada. Mas, era mais um cansaço emocional, porque fisicamente eu estava bem. ...